Dom Nuno Álvares Pereira tornou-se o oitavo santo português. À cerimónia de canonização, realizada este domingo em Roma e presidida pelo Papa, assistem cerca de 20 mil pessoas. Bento XVI elogiou a vida do agora São Nuno, o Condestável.
Nuno Álvares Pereira nasceu a 24 de Junho de 1360, provavelmente em Cernache do Bonjardim, sendo filho ilegítimo de Álvaro Gonçalves Pereira, Prior do Crato, e de Iria Gonçalves do Carvalhal. Legitimado por decreto real, pôde receber a educação cavalheiresca típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo. Aos treze anos torna‑se pajem da rainha D. Leonor, acabando por ser cavaleiro pouco depois. Aos dezasseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com D. Leonor de Alvim, senhora viúva de nobre linhagem de Entre Douro e Minho. Desta união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma menina, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança.
À morte de D. Fernando I, em 1383, sem ter deixado filhos varões, para ser fiel à terra onde nasceu Nuno tomou o partido do Mestre de Avis, D. João I, pretendente ao trono de Portugal. Nomeado Condestável, isto é, Comandante supremo, conduziu o exército português a vitórias sucessivas até à decisiva batalha de Aljubarrota (14/08/1385), que determinou a resolução do conflito.
Os dotes militares de Nuno eram acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O amor pela eucaristia e pela Virgem Maria são a trave-mestra da sua vida interior. Assíduo à oração, jejuava em honra da Virgem Maria às quartas, sextas, sábados e nas vigílias das suas festas. Assistia diariamente à missa, embora só pudesse comungar por ocasião das maiores solenidades. O seu estandarte pessoal tem as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez construir à sua custa numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais o Carmo de Lisboa.
Viúvo desde 1387, Nuno recusa novas núpcias, tornando-se modelo de pureza de vida. Alcançada a paz, distribui pelos companheiros grande parte dos seus bens e acabou por se desfazer de tudo em 1423, quando decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando o nome de frei Nuno de Santa Maria. Impelido pelo Amor, abandona as armas e o poder para se revestir da armadura do Espírito recomendada pela Regra do Carmo: era a opção por uma mudança radical de vida em que sela o percurso da fé autêntica que sempre o tinha norteado. Passou então a dedicar-se a pedir esmola em favor do convento e sobretudo dos pobres, os quais continuou sempre a assistir e a servir. Em seu favor organiza a distribuição quotidiana de alimentos, nunca voltando as costas a um pedido. O Condestável do rei de Portugal, o Comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor, de Maria – a sua terna Padroeira que sempre venerou –, e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus.
O dia da morte de frei Nuno de Santa Maria foi o domingo de Páscoa, 1 de Abril de 1431, passando imediatamente a ser reputado de “santo” pelo povo, que desde então o começa a chamar “Santo Condestável”.
Beatificado por Bento XV em 23 de Dezembro de 1918, vai ser inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.
Aprendamos com S. Nuno a ser santos. E seremos também melhores cidadãos.
Fonte: Boletim Paroquial "Igreja Viva" da paróquia de S. Lourenço de Ermesinde,
3º Domingo da Páscoa, 2009
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