domingo, 30 de dezembro de 2007

1º JANEIRO DE 2008 - DIA MUNDIAL DA PAZ - SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS


MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A CELEBRAÇÃO DO DIA MUNDIAL DA PAZ
1º DE JANEIRO DE 2008

FAMÍLIA HUMANA, COMUNIDADE DE PAZ


1. NO INÍCIO DE UM ANO NOVO, desejo fazer chegar meus ardentes votos de paz, acompanhados duma calorosa mensagem de esperança, aos homens e mulheres do mundo inteiro; faço-o, propondo à reflexão comum o tema com que abri esta mensagem e que me está particularmente a peito: Família humana, comunidade de paz. Com efeito, a primeira forma de comunhão entre pessoas é a que o amor suscita entre um homem e uma mulher decididos a unir-se estavelmente para construírem juntos uma nova família. Entretanto, os povos da terra também são chamados a instaurar entre si relações de solidariedade e colaboração, como convém em membros da única família humana: « Os homens – sentenciou o Concílio Vaticano II – constituem todos uma só comunidade; todos têm a mesma origem, pois foi Deus quem fez habitar em toda a terra o inteiro género humano (Act 17, 26); têm também todos um só fim último, Deus ».(1).


segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

é NATAL, DEUS encarnou no seio da VIRGEM MARIA e Se fez HOMEM...


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio junto de Deus.
Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.
Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.
Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.
Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
O Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.
Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.
Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.
Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade.

UM SANTO E FELIZ NATAL DE JESUS CRISTO

sábado, 8 de dezembro de 2007

IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA (Padroeira de Portugal)



Imaculada Conceição
O dogma proclamado a 8 de Dezembro de 1854 por Pio IX declara a santidade da Virgem Maria desde o primeiro momento da sua existência

1. O dogma da Imaculada Conceição, proclamado a 8.12.1854 por Pio IX (Bula “Ineffabilis Deus”) declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, desde a sua Conceição, ou seja, que ela foi preservada desde sempre da mácula do pecado original, no qual nascem todos os filhos de Adão. Enquanto estes estão privados da graça divina, a Virgem Maria foi toda pura, santa e imaculada desde o início da sua vida. Esta foi desde sempre a convicção profunda da Igreja, que viu na Virgem Maria a ‘Nova Eva’ (S.Ireneu).

2. Apesar da sua reconhecida devoção a Nossa Senhora, homens como S. Bernardo, S. Alberto Magno, S. Boaventura e S. Tomás tiveram dificuldade em admitir a Imaculada Conceição, porque difícil de conciliar com o dogma da universalidade da Redenção.

Proclamar a Imaculada Conceição parecia implicar retirar a Virgem Maria da órbita da Redenção em Jesus Cristo, a qual, por ser necessária e absoluta, era tão universal como o pecado original. Se a Virgem Maria não estivesse incluída no número dos que contraíam o pecado de Adão, ficava então igualmente excluída da redenção, e esta não seria universal, pois não abrangeria todos os descendentes de Adão.

Perante esta alternativa, foram como que obrigados a negar o privilégio de Maria até ser possível conciliá-lo com o dogma da universalidade da redenção em Cristo.

3. A solução do problema foi dada pelo beato Duns Escoto (séc. XIV), segundo o qual a Imaculada Conceição não exclui a Virgem Maria da redenção, porque ela foi preventivamente redimida pelo seu próprio Filho. Ela foi antecipadamente redimida e por conseguinte preparada para a sua divina maternidade. Esta explicação acabou por ser recebida na teologia e nas declarações do magistério.

4. Como todos os dogmas, também a ‘Imaculada Conceição’ foi a solene proclamação da fé do povo de Deus, do sentir da Igreja, do que nós poderíamos chamar a ‘devoção popular’. A ‘Imaculada Conceição’ caracteriza o catolicismo em Portugal, tendo sido sob esta invocação Nossa Senhora proclamada por D. João IV Rainha e Padroeira de Portugal, no dia 25 de Março de 1646, título que nenhum regime, mesmo o republicano e o que surgiu de Abril de 1974, foi capaz de abolir.

Na Universidade de Coimbra, ela é a Padroeira, ainda hoje, e houve tempos em que defender esta verdade da fé era título de honra e compromisso de todo o lente daquela Universidade! Mas que significa para nós hoje este admirável mistério?

5. O dogma da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria foi a solene confirmação do mistério central da fé. A Virgem Maria foi pensada por Deus como a mediadora do mistério da Incarnação.

Porque chamada a ser a mediadora deste mistério, a Virgem Maria não podia ser pensada senão como a primeira totalmente redimida, e como a primeira redimida é que ela concebeu sem pecado o Filho de Deus, porque sem pecado foi concebida.

Ao acolher a Palavra do Anjo, a Virgem Maria permitiu que a Palavra eterna de Deus assumisse a carne do pecado e por causa desta assunção ela foi previamente redimida pelo seu próprio Filho. Por ela o Verbo de Deus entra na história, inaugurando o tempo da Graça e da Liberdade dos filhos de Deus.

A Virgem Maria abriu a porta do mundo para o Advento do Deus redentor, na carne da humanidade. Ela é por excelência a primeira na ordem da Redenção.

O dogma da Imaculada Conceição proclama que ela desde o início do seu ser não foi apenas envolvida pelo mistério da Graça da redenção prometida, mas a primeira redimida pelo seu Filho que ia gerar; este dogma toca, portanto, no centro do mistério da Redenção.

A ‘Imaculada Conceição’ mostra a Virgem Maria como a primeira na ordem da Redenção, Redenção esta que não pode acontecer sem ela. Sem a Imaculada Conceição da Virgem Maria não seria pensável a redenção, como vitória divinizante da natureza humana sobre o pecado do mundo.

6. A Virgem Maria é a primeira redimida: depois dela e por meio dela, todos são chamados a participar na vitória da redenção, através do baptismo, pelo qual o homem é regenerado, e chamado também a ser santo e imaculado na presença de Deus.

A Imaculada Conceição eleva a Virgem Maria a paradigma da antropologia cristã. Ela manifesta de um modo eminente a transfiguração do homem que se opera pela participação no mistério de Cristo, com o qual por graça o homem é chamado a configurar-se.

A Imaculada Conceição da Virgem Maria revela a ontológica transfiguração do ser e da existência na relação com o Verbo de Deus encarnado. Paradigma da antropologia cristã, a Imaculada Conceição é o caso eminente da redenção pela graça, a que ela corresponde, na plena liberdade do ‘ecce ancilla’, no mistério da Anunciação. Não apenas do ‘homem novo’, mas também da Igreja.

Mariano, com certeza, o dogma da ‘Imaculada Conceição’ é também eclesial, porque nela se espelha o que é o mistério da Igreja a qual, tendo na Virgem Imaculada a sua figura excelsa (cf. LG 53; 63), é também santa e imaculada, Mãe e Virgem puríssima dos seus filhos gerados nas águas do baptismo.

Por isso, com razão na ‘Imaculada Conceição’, a Igreja e todos os fiéis exultam de alegria, talvez como em nenhum outro dia, porque aí está o exemplo das maravilhas de Deus na história, do que Ele pode fazer na Igreja e na vida de cada crente se como a Virgem Santa Maria cada qual se colocar na mesma atitude de filial obediência e de amor, naquele cujo Nome é grande e que grandes coisas realizou na sua humilde serva! Bem-aventurada a nação que se honra por tê-la como Mãe e Padroeira!

José Jacinto Ferreira de Farias, scj

terça-feira, 20 de novembro de 2007

RETIRO DE DOENTES...Fátima, 10 a 13 de Novembro de 2007


Decorreu no Santuário de Fátima, de 10 a 13 de Novembro de 2007, um retiro para doentes e deficientes físicos.
Orientou o retiro o Rev. Padre Manuel Antunes.

Estiveram presentes cerca de 100 pessoas, portadoras de doença e idosos, provenientes de várias paróquias da Diocese do Porto, entre as quais a de S. Lourenço de Ermesinde.

O Movimento da Mensagem de Fátima de Ermesinde, esteve presente com alguns doentes e as mensageiras de Fátima - Lurdes Monteiro, Aurora Carneiro e Elisabete Lima.

Do retiro constaram momentos de oração, adoração do S.S., celebrações Eucarísticas, os Sacramentos da reconciliação e da Unção dos Enfermos, projecção de filmes, meditação do Terço do Rosário, participação na procissão de velas, exercício da Via-Sacra nos Valinhos.

Foram ainda efectuadas visitas à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e à novel Igreja da Santíssima Trindade.

O retiro terminou com a meditação do terço do Rosário, seguido da celebração da Eucaristia presidida pelo Senhor D. António Marto, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, na Capelinha das Aparições.

Deram a sua preciosa colaboração neste retiro 18 voluntários, empenhados em servir com amor e carinho os doentes, que reconhecidos dão sempre mais força a quem serve.

Foram quatro dias muito intensos espiritual e humanamente vividos no encontro com Deus, por Maria.


Lurdes Monteiro

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O SANTO PADRE E FÁTIMA (mensagem em 13 de Novembro de 2007)...


Esta manhã, 13 de Novembro, durante a Eucaristia da Peregrinação Mensal (de Novembro), no Santuário de Fátima, o Bispo de Leiria-Fátima, que presidiu à celebração, transmitiu aos peregrinos presentes a saudação e a bênção do Santo Padre Bento XVI.

Chegado ontem de Itália, após a visita ad Limina dos Bispos Portugueses, D. António Marto afirmou, na Capelinha das Aparições: “Saúdo-vos a todos de todo o coração. É-me particularmente grato poder-vos transmitir hoje, em primeira-mão, acabado de chegar de Roma, a bênção e a saudação do Santo Padre aos peregrinos de Fátima”.

D. António Marto repetiu, depois, a mesma saudação em língua italiana e em espanhol, vincando sempre “a grande alegria” que sentia por transmitir esta mensagem do Papa.

“O Santo Padre disse uma coisa muito linda sobre Fátima, que vou citar: «Apraz-me pensar em Fátima como escola de fé com a Virgem Maria por Mestra; lá ergueu Ela a sua cátedra para ensinar aos pequenos Videntes e depois às multidões as verdades eternas e a arte de orar, crer e amar. Na atitude humilde de alunos que necessitam de aprender a lição, confiem-se diariamente, a Mestra tão insigne e Mãe do Cristo total»”, afirmou D. António que nas restantes partes da homilia rogou aos peregrinos para que cultivem, à semelhança de Maria, a alegria, a entrega a Deus e a humildade.

“Que o nosso coração seja misericordioso com os outros, para que em todo o nosso ser – corpo, alma, sentimentos – feito de olhares, de palavras, de gestos e relações, possamos servir e irradiar esta ternura e esta misericórdia de Deus”, pediu o Bispo de Leiria-Fátima.

Referindo-se de novo às aparições em Fátima, a propósito da reflexão sobre a visita de Nossa Senhora à sua prima Isabel, o Prelado sublinhou que “As aparições aqui em Fátima são uma visitação de Maria à três crianças (Francisco, Jacinta e Lúcia), à Igreja e à Humanidade. São uma bênção e, por isso, fazemos memória viva dessa bênção todos os dias 13”.

Centro de Comunicação Social do Santuário de Fátima

domingo, 14 de outubro de 2007

FÁTIMA 90 ANOS DAS APARIÇÕES... (homilia do legado Pontifício Cardeal Tarciso Bertone ...13 Outubro)... SEJAMOS CRISTÃOS SEM MEDO...!


Venerados Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio,
Amados Irmãos e Irmãs no Senhor!

Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio advertindo-a da chegada do Emanuel esperado; então, cheia do Espírito Santo, ela exclama: «Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?» (Lc 1, 43). A mesma exclamação se eleva hoje desta assembleia à vista dos sinais de misericórdia que Deus Se dignou conceder a indivíduos, povos e nações, ao longo dos últimos 90 [noventa] anos, pela mediação da Mãe da Misericórdia aqui manifestada como Nossa Senhora do Rosário.

Conta-se que, em Fevereiro de 1918 [mil novecentos e dezoito], se encontraram na Câmara Eclesiástica do Patriarcado de Lisboa alguns sacerdotes e um jornalista católico, o qual criticara a exposição ali feita por um dos sacerdotes sobre o chamado «milagre do sol» no céu de Fátima quatro meses antes. Nisto apareceu uma veneranda figura sacerdotal do tempo, o Padre Cruz, a quem o jornalista, depois de lhe beijar a mão, perguntou em tom irónico: «Também viu bailar o sol no dia 13 [treze] de Outubro?». «Não – respondeu o Servo de Deus –, não vi o sol bailar em Fátima; não estava lá. Mas digo-lhe: Tenho enxugado tantas lágrimas a bailarem nos olhos (que é como quem diz no sol) de tantas dezenas de pecadores arrependidos sob o impulso do milagre de Fátima, que não me custa acreditar que o sol tenha bailado. Pois, à semelhança do que Nosso Senhor ensinou quando disse ser mais fácil um camelo entrar pelo fundo duma agulha do que um rico converter-se, também afirmarei que é mais fácil o sol ter bailado do que tantos e tantos pecadores se haverem convertido sem uma causa sobrenatural que os movesse».
Pois bem, estes sinais de Deus – reconhecidos e interpretados por quem de direito – não cessaram de multiplicar-se ao longo destas 9 [nove] dezenas de anos; não último deles, a partida para a Glória do Servo de Deus João Paulo II [segundo] rodeado duma multidão incalculável e com todos no coração enquanto repete para a Mãe de Misericórdia: «Totus tuus… Eu sou todo vosso, ó minha Rainha e minha Mãe, e tudo quanto tenho vos pertence». Hoje, tomados pela maravilha de quantos os viveram e sustentados pela esperança acesa nos corações simples e humildes de quem, à sua vista, acreditara, não podemos deixar de exclamar, num misto de gratidão e confusão: «Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?»

E, se veio ter comigo, manda a boa educação perguntar-lhe: «Que é que Vossemecê me quer? – “É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados” e Ela, tomando um aspecto mais triste, acrescenta: “Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido”» (aparição de 13 de Outubro de 1917).

Isto é Fátima, amados irmãos e irmãs: conversão, emenda de vida, deixar de pecar, reparar a Deus ofendido no irmão. Isto é Fátima; não os sinais, ou pelo menos são secundários: passam para deixar lugar ao que significam, isto é, à vida nova de ressuscitados. Por isso, seria insensato continuar indefinidamente a pedir sinais, sem os discernir nem lhes dar crédito; sobre nós, penderia a censura do divino Mestre: «Esta geração perversa e infiel pretende um sinal, mas nenhum sinal lhe será dado, senão o sinal do profeta Jonas. Assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra» (Mt 12, 39-40). O sinal de Deus é a ressurreição de Cristo e nossa: de facto, como ouvimos há pouco na segunda leitura, «a nós, que estávamos mortos por causa dos nossos pecados, [Deus] restituiu-nos à vida com Cristo (…) e com Ele nos ressuscitou» (Ef 2, 5-6). Por isso, «eis o que vos digo e aconselho em nome do Senhor: (…) Deixai-vos renovar no mais íntimo do vosso espírito, adquirindo os hábitos do homem novo criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras» (Ef 4, 17.23-24). Como o Beato Francisco, como a Beata Jacinta… como tantas e tantos outros que se entregaram ao Imaculado Coração de Maria, refúgio e caminho que conduz até Deus.

Com efeito, aqui Nossa Senhora não pediu para ser admirada, invocada, venerada… Quis gente «entregue»; pediu que os corações dos indivíduos, das nações e da humanidade inteira Lhe fossem «consagrados». Aqui desfraldou a sua bandeira que é um símbolo e um programa: o seu Coração Imaculado. Aqui se manifestou o Coração da mais doce das mães, pedindo a todos que unam o seu coração ao d´Ela, para darem ao mundo Jesus Cristo Salvador. E, acolhendo o seu convite, por toda a parte se formaram grupos e comunidades que despertaram da apatia de ontem e se esforçam por mostrar agora, ao mundo, o verdadeiro rosto do cristianismo. No Oriente e no Ocidente, o amor do Coração de Maria conquistou um lugar no coração dos povos e dá-lhes esperança e consolação.

Irmãos e irmãs, vós sois as primícias dessa grande seara aqui hoje consagrada no altar. Quando estendo o meu olhar por esta imensa assembleia à procura dos seus confins, parece-me vislumbrá-los naquela nuvenzinha de Elias (cf. 1 Re 18, 44) que se realizou cabalmente na humilde Jovem de Nazaré, Maria, cheia de graça, cheia de Deus. Foi por obra e graça do Espírito Santo que Ela gerou o Filho do Pai eterno e, por missão recebida na Cruz, Se tornou mãe de todos os redimidos; estes lembram incontáveis gotinhas de água que – atravessadas pela Luz de Cristo e, por Ele, atraídas e agregadas –, formam hoje a coluna de nuvem luminosa de Deus à cabeça da humanidade na sua travessia da história (cf. Ex 40, 38). Povo da Páscoa pelas sendas do mundo, confessamos com Maria que «a misericórdia [de Deus] se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem» (Lc 2, 50), multiplicando os semeadores da esperança e os construtores do Reino de Deus.

E tais sois vós, sacerdotes, cuja ordenação vos concede o poder de dispensar os dons da salvação; vós, consagrados, cujos votos fazem de vós testemunhas privilegiadas do único necessário; vós, fiéis leigos, de cujo seio jorram rios de água viva santificando o mundo nos vossos lares, no vosso trabalho e na sociedade inteira. Queridos peregrinos de Fátima, com grande alegria vos transmito a saudação que Sua Santidade Bento XVI [dezasseis] me confiou para todos vós, a começar pelo Bispo desta amada diocese de Leiria-Fátima, o Senhor Dom Antonio Marto, e terminar nos irmãos e irmãs doentes, que se encontram aqui ou estão unidos connosco pela rádio e a televisão, e cujas intenções são objecto particular das preces diárias do Santo Padre: Como sabem, Deus salvou o mundo numa cruz. O repouso, que não encontrou nos braços desta, deram-lho os braços de sua Mãe. E, no coração da Mãe, brilharam os primeiros alvores da Páscoa. Jesus ressuscitado sai ao encontro dos desanimados e diz: «Assim está escrito que deve ser. Toma a tua cruz e segue-Me!»

Numa carta datada de 4 [quatro] de Maio de 1943 [mil novecentos e quarenta e três], a Irmã Lúcia escreve este «recadito de Nosso Senhor»: Ele «deseja que se faça compreender às [pessoas] que a verdadeira penitência, que Ele agora quer e exige, consiste antes de tudo no sacrifício que cada um tem de se impor para cumprir com os próprios deveres religiosos e materiais» (Memórias e Cartas da Irmã Lúcia, edição do P. António Maria Martins SJ, Porto 1973, pp. 447). Ora, já no Verão de 1916 [mil novecentos e dezasseis], o Anjo ensinara aos pastorinhos: «De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pelos pecados com que [o Altíssimo] é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. (…) Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar». Queridos peregrinos, sem negar o valor dos sacrifícios e penitências voluntárias, sabei que a penitência de Fátima é a aceitação submissa da vontade de Deus a nosso respeito, que se traduz nos nossos deveres de estado. Alguém poderia observar: Mas, a fidelidade aos nossos deveres de estado não é o mínimo que se nos pode exigir? Será possível que uma obrigação tão elementar seja proposta como penitência suficiente, uma penitência salvadora, capaz de afastar os males que incumbem sobre a humanidade?

É possível, porque esta mobilização dos deveres de estado diz respeito a toda a gente. E o Evangelho no-lo mostra: ainda que nós fôssemos o servo com um único talento, isso não poderia servir de desculpa para a inactividade (Mt 25, 24-30). Infelizmente, um grande número de pessoas imagina que a vitória depende essencialmente do talento, da habilidade, do valor dos que escrevem nos jornais, dos que falam nas reuniões, dos que têm um papel mais visível e que seria suficiente animar e aplaudir estes chefes como se anima e aplaude os jogadores no estádio. Não existe erro mais temível e desastroso! Se os soldados algum dia chegassem a pensar que a vitória já não dependia deles mas somente do Estado Maior (com a desculpa de que se compõe de hábeis generais), esse exército marcharia de desastre em desastre, por muito maravilhosos que tivessem sido os planos de combate elaborados pelos seus chefes. Para evitar tal desastre no que se refere ao renascimento do homem para uma sociedade nova, o Céu exige o esforço, até o mais insignificante, dos servos mais humildes, dos servos com um só talento.

Assim, face aos pretensos senhores destes tempos (acham-se no mundo da cultura e da arte, da economia e da política, da ciência e da informação) que exigem e estão prontos a comprar, se não mesmo a impor, o silêncio dos cristãos invocando imperativos de uma sociedade aberta, quando na verdade lhe fecham todas as entradas e saídas para o Transcendente; e que, em nome de uma sociedade tolerante e respeitosa, impõem como único valor comum a negação de todo e qualquer valor real e permanente válido… Face a tais pretensões, o mínimo que podemos fazer é rebelar-nos com a mesma audácia dos Apóstolos perante idêntica pretensão dos senhores daquele tempo: «Não podemos calar o que vimos e ouvimos» (Act 4, 20)! E, se vos lançam à cara erros passados ou presentes de alguns filhos da Igreja, peço-vos: fazei penitência e reparai. Se vos acusam falsamente não poupando ofensas nem escárnios, peço-vos: rezai pelos vossos perseguidores e perdoai. Profundamente convictos da solidariedade da família humana, a tal ponto que dez justos na cidade de Sodoma tê-la-iam salvo (cf. Gn 18, 32), conservai no pensamento e no coração uma inquebrantável fé no amor misericordioso de Deus. O seu olhar pouse benévolo e propício sobre as vossas vidas, confiadas à Virgem Mãe para maior glória da Santíssima Trindade. Ámen.

domingo, 7 de outubro de 2007

7 de Outubro - FESTA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO


Festa instituída pelo Papa São Pio V, como ação de graças pela prodigiosa vitória de Lepanto, obtida em 1571 pela armada católica, comandada por D. João d`Áustria, contra os turcos maometanos.

O Papa ordenara que, em toda a Cristandade, se rezasse o Rosário pedindo essa vitória que, segundos os cálculos humanos, parecia impossível.

A importância do Rosário nos nossos dias foi ainda destacada pelo servo de Deus João Paulo II: "Esta oração simples e profunda, cara aos indivíduos e às famílias, outrora muito difundida entre o povo cristão. Que alegria seria se também hoje fosse redescoberta e valorizada, especialmente no interior das famílias! Ela ajuda a contemplar a vida de Cristo e os mistérios da salvação; graças à incessante invocação da Virgem, afasta os germes da desagregação familiar; é o vínculo seguro de comunhão e paz. Exorto a todos, e de modo especial às famílias cristãs, a encontrar no santo Rosário o conforto e o sustento quotidiano para caminhar nas vias da fidelidade" .


(João Paulo II, alocução de 25/10/98).

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

OUTUBRO, mês do ROSÁRIO (por Maria a Jesus)...


Maria é Mãe da Igreja,
não só por ser mãe de Jesus Cristo
e sua íntima colaboradora na economia da graça,
quando o Filho de Deus n’Ela assumiu
a natureza humana
para libertar o homem do pecado
mediante os mistérios da sua carne,
mas também porque brilha à comunidade dos eleitos
como admirável modelo de virtude.


Depois de ter participado no sacrifício redentor
de seu Filho,
e de maneira tão íntima que mereceu ser por Ele
proclamada Mãe
não somente do discípulo João
mas do Género humano,
porque aquele de algum modo representado,
Ela continua agora no Céu
a desempenhar a sua função materna de cooperadora
no nascimento e desenvolvimento da vida divina
em cada alma humana.


Paulo VI

terça-feira, 25 de setembro de 2007

BASÍLICA DA SANTÍSSIMA TRINDADE EM FÁTIMA (está quase...)


Está já perto do fim a contagem decrescente para a inauguração da nova igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, que terá lugar no próximo dia 12 de Outubro, na presença do Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano e enviado especial de Bento XVI para a cerimónia.


Pó, barulho e muitas obras em andamento ainda marcam a vida no edifício, mas os responsáveis asseguram que tudo estará a postos já no dia 9 de Outubro, data em que o edifício será entregue oficialmente ao Santuário de Fátima.


O espaço promete deslumbrar os peregrinos do país e de todo o mundo, muito por força do aproveitamento da luz natural, que vai mudando ao longo do dia, proporcionando "um ambiente suave, calmo, propício à concentração", como fez questão de sublinhar o próprio arquitecto Alexandros Tombazis.


As preocupações com o espaço litúrgico passam pela centralidade do altar, a facilidade na deslocação no interior da igreja e, também, com os aspectos acústicos. O despojamento da igreja é "compensado" pelas obras de arte encomendadas a artistas internacionais, com destaque para o painel de 500 metros quadrados, atrás do altar, em ouro e terracota.A obra é da autoria do Pe. Ivan Rupnik, croata famoso pelo seu trabalho na capela Redemptoris Mater, no Palácio Apostólico do Vaticano. Com uma equipa de 20 artistas de 8 países conseguiu, em menos de um mês, dar vida a um espaço de luz, sem sombras, que entra em forte contraste com a grande e pesada cruz que se eleva sobre o altar.A nova igreja da Santíssima Trindade tem forma circular, com 125 metros de diâmetro, e é sustentada por dois grandes pilares, que suportam toda a cobertura e evitam colunas no interior do templo. O projecto, desenhado pelo arquitecto greco-ortodoxo, combina a luz e a tecnologia, procurando respeitar a atmosfera de Fátima.


Com um volume de quase 130 000 metros cúbicos e uma altura média de 15 metros (a altura exterior ultrapassa levemente a actual colunata, permanecendo a torre da Basílica como o elemento dominante), a nova igreja de Fátima tem uma nave central de 8800 lugares sentados, configurada para duas capacidades diferentes: um primeiro espaço para 3500 pessoas, separado por um biombo, poder ser completamente aberto em caso de necessidade. No altar será colocada uma pedra retirada do túmulo de S.Pedro, oferecida pelo Vaticano.


O interior da igreja é iluminado pelo tecto, através de janelas viradas para Norte (sheds), dando prioridade à luz natural. Será possível mudar a iluminação, em diferentes lugares e com diferentes intensidades, com a ajuda de um sistema computorizado. Simbolicamente, a orientação dos sheds lança o olhar em direcção à Basílica já existente.


O custo total da maior obra de construção civil deste tipo realizada em Portugal (só na primeira fase da construção foram utilizados mais de cinco quilómetros de estacas, sete mil toneladas de aço, 50 mil metros cúbicos de betão cinzento e mais de sete mil metros cúbicos de betão branco) deverá atingir os 70 milhões de euros, uma verba superior em 24 milhões ao orçamento inicial, mas justificada por trabalhos a mais, alguns erros e actualização de preços. Além das cerimónias religiosas, há espaços polivalentes que podem ser também utilizados para acolher grandes eventos que decorram em Fátima.


Os espaços exteriores são pavimentados com calçada portuguesa (cerca de 22 mil metros quadrados), sendo possível encontrar uma referência a textos bíblicos em 23 línguas sobre a unidade e a trindade de Deus, logo junto à porta central.


O edifício terá 13 portas: 12 laterais dedicadas aos Apóstolos, em bronze, e a porta central, de 64 metros quadrados (divididos por três espaços), que terá "efeitos artísticos" sobre Deus e a Santíssima Trindade. 20 elementos laterais fazem referência aos Mistérios do Rosário.
O espaço contará com estátuas dos Papas Pio XII, Paulo VI e além de D. José Alves Correia da Silva (primeiro Bispo depois da restauração da Diocese).


João Paulo II vai ter um lugar de destaque, com uma estátua junto à Cruz Alta e uma frase do Papa polaco a ficarem perto da entrada principal. As palavras inscritas são de uma oração à Santíssima Trindade, que o próprio fez na Capelinha das Aparições, ao iniciar a sua peregrinação de 1982.


Espaços de intimidade


A chamada "zona da reconciliação", junto à entrada do lado sul, é um local privilegiado para a confissão sacramental e a reflexão. Uma rampa assegura o acesso alternativo às escadas. Como curiosidade, a mesma não é paralela, criando uma sensação de "proximidade para quem entra e afastamento para quem sai" do espaço, como explicou Alexandros Tombazis.O complexo inclui 3 capelas da Reconciliação, que servirão também para outras celebrações. A "zona da reconciliação" é composta por uma área para peregrinos portugueses, com salão-capela de 600 lugares sentados e 32 gabinetes/confessionários, e outra área para peregrinos estrangeiros, com 2 capelas de 120 lugares cada e 32 gabinetes/confessionários.O átrio dos Apóstolos Pedro e Paulo, com um corredor de 150 metros, serve para a preparação das pessoas que desejam confessar-se. Terá painéis assinado por Siza Vieira, actualmente em fase de elaboração. A meio deste corredor encontram-se dois lagos, espelhos de água, um alusivo ao Baptismo (água a cair) e outro à Criação (água a jorrar). Entre estes dois espelhos há uma ligação de acesso ao espaço de convívio que adoptará o nome de Santo Agostinho.


Um espaço será reservado para o Lausperenne (Adoração Eucarística), que assim deixa a capela junto à colunata sul.

No conjunto, estamos perante um espaço que apresenta vários elementos do nosso quotidiano, em especial no que se refere aos materiais utilizados, à preocupação ecológica e a uma certa noção de conforto que se procura transmitir (não por acaso se ouviu um comentário, entre os visitantes, de que este seria "um T8 jeitoso"), mas que consegue cativar pela limpidez e a simplicidade com que se propõe ao seu visitante/utilizador.A aceitação da nova igreja junto dos fiéis pode, contudo, ser uma questão bem delicada, apesar do optimismo manifestado pelos responsáveis do Santuário. Habituados a uma concepção de "igreja" que reproduz modelos do passado, os peregrinos poderão demorar a habituar-se a este olhar sobre o futuro da arquitectura religiosa que é lançado em Fátima.

domingo, 23 de setembro de 2007

O TERÇO DO ROSÁRIO E O SERVO DE DEUS JOÃO PAULO II

A meditação dos mistérios de Cristo é proposta no Rosário com um método característico (...) baseado na repetição.
Considerando superficialmente uma tal repetição, pode-se ser tentado a ver o Rosário como uma prática árida e aborrecida.
Chega-se , porém, a uma ideia muito diferente, quando se considera o Terço como expressão daquele amor que não se cansa de voltar à pessoa amada com efusões que, apesar de semelhantes na sua manifestação, são sempre novas pelo sentimento que as permeia.
O Rosário é um dos percursos tradicionais da oração cristã aplicada à contemplação do rosto de Cristo (...).
Considero, no entanto, oportuna uma inserção que (...) permita abraçar também os mistérios da vida pública de Cristo entre o Baptismo e a Paixão: os mistérios da luz.
Verdadeiramente o Rosário marca o “ritmo da vida humana” para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na gozosa comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência.

(por ocasião da publicação da Carta Apostólica ROSARIUM VIRGINIS MARIAE do Sumo Pontífice João Paulo II ao Episcopado, ao Clero e aos Fiéis sobre o Rosário da Virgem Maria, Vaticano, 16 de Outubro de 2002, início do vigésimo quinto ano de Pontificado Joannes Paulus II)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA


Santíssima Virgem, que nos montes de Fátima vos dignastes revelar aos três pastorinhos os tesouros de graças que podemos alcançar, rezando o Santo Rosário, ajudai-nos a apreciar sempre mais esta santa oração, a fim de que, meditando os mistérios da nossa redenção, alcancemos as graças que insistentemente vos pedimos (pedir a graça).

sábado, 1 de setembro de 2007

ORAÇÃO DO PEREGRINO



Senhor,

Que mandaste sair Abraão da sua terra,
E o defendeste em todos os caminhos

Que acompanhaste o Teu povo, errante no deserto

Que nos deste, nas visitas de Jesus, Teu Filho,
A cidade santa de Jerusalém,
Um modelo para as nossas peregrinações

Concede-nos a Tua protecção.
Ao longo de toda a viagem que vamos iniciar

Sê para nós
A sombra que protege do sol
O agasalho que defende do frio
O abrigo que resguarde da chuva e da intempérie

Anima-nos no cansaço
Socorre-nos nas dificuldades
Livra-nos dos perigos

Ensina-nos a aceitar a penitência da viagem
A sair do egoísmo para fazer comunidade
A ver-Te na beleza do mundo
A amar-Te nos homens, nossos irmãos
Ensina-nos a desculpar, a compreender,
A sorrir e a ajudar

Guiados por Ti, atingiremos o nosso fim
E reconfortados pela tua graça
Regressaremos são e salvos
Aos nossos lares e ao nosso trabalho

Confiados em Ti, caminharemos em paz
Até nos encontrarmos todos no céu.

Ámen

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

UMA BREVE HISTÓRIA DO ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA


1- O Nascimento do Rosário


O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. A tradição diz que foi revelado a S. Domingos de Gusmão (1170-1221), numa aparição de Nossa Senhora, quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense.
Parece não haver muitas dúvidas de que o Rosário nasceu para resolver um problema importante dos novos frades mendicantes. De facto, os franciscanos e dominicanos estavam a introduzir um novo tipo de ordem religiosa no século XII, em alternativa aos antigos monges, sobretudo Beneditinos e Agostinhos. Estes, nos seus mosteiros, rezavam todos os dias os 150 salmos do Saltério. Mas os mendicantes não o podiam fazer, não só por causa da sua pobreza e estilo de vida, mas também porque em grande parte eram analfabetos.
Assim nasceu, nos dominicanos, o Rosário, o “saltério de Nossa Senhora”, a “Bíblia dos pobres”, com 150 Avé-Marias. Um pouco mais tarde, em 1422, pelas mesmas razões, os franciscanos criaram a Coroa Seráfica, uma oração muito parecida, mas com estrutura ligeiramente diferente (tem sete mistérios, em honra das sete alegrias da Virgem, os mistérios Gozosos, trocando a Apresentação no Templo pela Adoração dos Magos e os dois últimos Gloriosos, acrescentando mais duas Avé-Marias em honra dos 72 anos da vida de Nossa Senhora na Terra).
Mas é preciso dizer que, nessa altura, não havia ainda a Avé-Maria. Já desde o século IV se usava a saudação do arcanjo S. Gabriel (Lc 1, 28) como forma de oração, mas só no século VII ela aparece na liturgia da festa da Anunciação como antífona do Ofertório. No século XII, precisamente com o Rosário, juntam-se as duas saudações a Maria, a de S. Gabriel e a de S. Isabel (Lc 1, 42), tornando-se uma forma habitual de rezar. Em 1262 o Papa Urbano IV (papa de 1261-1264) acrescenta-lhes a palavra “Jesus” no fim, criando assim a primeira parte da nossa Avé-Maria.
Só no século XV se acrescenta a segunda parte de súplica, tirada de uma antífona medieval. Esta fórmula, que é a actual, torna-se oficial com o Papa Pio V (1566-1572). Grande reformador no espírito do concílio de Trento (1545-1563), S. Pio V é o responsável pela publicação do Catecismo, Missal e Breviário Romanos surgidos do Concílio, que renovam toda a vida a Igreja. Foi precisamente no Breviário Romano, em 1568, que aparece pela primeira vez na oração oficial da Igreja a Avé-Maria.


2- A Batalha de Lepanto e a festa de Nossa Senhora do Rosário


O contributo de S. Pio V, um antigo dominicano, para a história do Rosário não se fica por aqui. O grande reformador criou também o último grande momento da antiga Cristandade, a unidade dos reinos cristãos à volta do Papa. Os turcos otomanos, depois do cerco e queda de Constantinopla em 1453, o fim oficial da Idade Média, e das conquistas de Suleiman, o Magnífico (1494-1566, sultão desde 1520), estavam às portas da Europa. Dividida nas terríveis guerras entre católicos e protestantes, a velha Europa não estava em condições de resistir. O perigo era enorme.
Além de apelar às nações católicas para defender a Cristandade, o Papa estabeleceu que o Santo Rosário fosse rezado por todos os cristãos, pedindo a ajuda da Mãe de Deus, nessa hora decisiva. Em resposta, houve um intenso movimento de oração por toda a Europa. Finalmente, a 7 de Outubro de 1571 a frota ocidental, comandada por D. João de Áustria (1545-1578), teve uma retumbante vitória na batalha naval de Lepanto, ao largo da Grécia. Conta-se que nesse mesmo dia, a meio de uma reunião com os cardeais, o Papa levantou-se, abriu a janela e disse “Interrompamos o nosso trabalho; a nossa grande tarefa neste momento é a de agradecer a Deus pela vitória que ele acabou de dar ao exército cristão”.
A ameaça fora vencida. Este foi o último grande feito da Cristandade. Mas o Papa sabia bem quem tinha ganho a batalha. Para louvar a Vitoriosa, ele instituiu a festa litúrgica de acção de graças a Nossa Senhora das Vitórias no primeiro domingo de Outubro. Hoje ainda se celebra essa festa, com o nome de Nossa Senhora do Rosário, no memorável dia de 7 de Outubro.


3 - O Rosário até João Paulo II


A partir de então, o Rosário aparece em múltiplos momentos da vida da Igreja. Já no fresco do Juízo Final, pintado por Miguel Ângelo (1475-1564) na Capela Sistina do Vaticano de 1536 a 1541, estão representadas duas almas a serem puxada para o céu por um Terço. São as almas de um africano e de um asiático, mostrando a universalidade missionária da oração.
A 12 de Outubro de 1717, foi retirada do rio Paraíba uma imagem de Nossa Senhora com um Terço ao pescoço por três humildes pescadores, Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, em Guaratinguetá, São Paulo. Essa estátua, de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi declarada em 1929 Rainha e Padroeira do Brasil.
A Imaculada Conceição rezou o Terço com Bernadette Soubirous (1844-1879) nas aparições de Lourdes em 1858. O Papa Leão XIII, “Papa do Rosário”, como lhe chama a recente Carta Apostólica do Papa (n.º 8) dedicou mais de 20 documentos só ao estudo desta oração, incluindo 11 encíclicas.
Também o Beato Bártolo Longo (1841-1926) é um os grandes divulgadores do Rosário, como o refere a recente Carta Apostólica (n.º 8, 15, 16, 36, 43). Antigo ateu, espírita e sacerdote satânico, depois da sua conversão viu na intercessão de Nossa Senhora a sua única hipótese de salvação. Sendo advogado, em 1872 deslocou-se à região de Pompeia por motivos profissionais e ficou chocado com a pobreza, ignorância, superstição e imoralidade dos habitantes dos pântanos. Entregou-se a eles para o resto da vida. Arranjou um quadro da Senhora do Rosário, que fez vários milagres e criou em 1873 a festa anual do Rosário, com música, corridas, fogo de artifício. Construiu uma igreja para essa imagem, que se veio a tornar no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompeia. Fundou uma congregação de freiras dominicanas para educar os órfãos da cidade, escreveu livros sobre o Rosário e divulgou a devoção dos «Quinze Sábados» de meditação dos mistérios.
Outro grande momento da divulgação do Terço é, sem dúvida, Fátima. “Rezar o Terço todos os dias” é a única coisa que a Senhora referiu em todas as suas seis aparições. A frase repete-se sucessivamente, quase como uma ladainha, manifestando bem a sua urgência e importância. Na carta do Dr. Carlos de Azevedo Mendes, num dos primeiros documentos escritos sobre Fátima, afirma-se “Como te disse examinei ou antes interroguei os três em separado. Todos dizem o mesmo sem a mais pequena alteração. A base principal que de tudo, o que me dizem, deduzi é «que a aparição quer que se espalhe a devoção do Terço»”
A história do Rosário não pode terminar sem referir um momento decisivo desta evolução. A escolha do Papa João Paulo II de celebrar as suas bodas de prata pontifícias com o Rosário, acrescentando-lhe os cinco mistérios luminosos, é um marco importante na devoção. Mas a ligação do Papa a esta oração não é de hoje, como ele mesmo diz na Carta: “Vinte e quatro anos atrás, no dia 29 de Outubro de 1978, apenas duas semanas depois da minha eleição para a Sé de Pedro, quase numa confidência, assim me exprimia: «O Rosário é a minha oração predilecta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade.»


João César das Neves Professor UCP

O QUE FOI E É O MOVIMENTO DA MENSAGEM DE FÁTIMA...



1. Já longe vai o ano de 1926 quando o cónego Dr. Manuel Formigão criou a “Associação de Nossa Senhora do Rosário” cuja finalidade era ajudar os seus membros a “conhecer, viver e difundir a Mensagem de Fátima”. Passados dois anos o Senhor Bispo de Leiria transformou-a na Confraria de Nossa Senhora do Rosário de Fátima” aprovando os seus Estatutos. A 20 de Abril de 1934, o Episcopado português reunido em Assembleia-Geral no Santuário de Fátima, aprova os primeiros Estatutos que transformam esta Confraria na “Pia União dos Cruzados de Fátima” como obra auxiliar da Acção Católica Portuguesa. O jornal “Voz da Fátima” era o seu órgão oficial.



2. Um período de longo trabalho, reflexão e diálogo precedeu a renovação dos Estatutos da Pia União. Foram apresentados à Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa que os aprova a 5 de Julho de 1984, alterando a sua denominação para “Movimento dos Cruzados de Fátima”.



3. Oração, Peregrinos e Doentes são Campos de Pastoral que o Movimento assume ao procurar entender os pedidos de Nossa Senhora em Fátima e as manifestações dos primeiros peregrinos que acorriam à Cova da Iria. Proposta a “todos os membros do Povo de Deus” cria no seu seio um Sector Jovem, um dos “ramos mais fecundos da renovação ambicionada” e estimula experiências no “Sector dos Mais Novos”.



4. A organização de grupos paroquiais, então chamados “trezenas”, que proporcionem aos seus membros um crescimento humano e espiritual, a estruturação a nível paroquial, diocesano e nacional traduzem o novo conceito “Movimento”. Plena inserção das estruturas paroquiais do Movimento na pastoral da Paróquia e das suas estruturas diocesanas na pastoral da Diocese, colaboração activa com outros Movimentos, em estreita ligação com a hierarquia, manifestam o seu sentido eclesial.



5. Já nada era como antes. Não obstante dificuldades várias, como a falta em alguns locais de estruturas paroquiais ou diocesanas coerentes com as necessidades da Igreja actual, sentia-se vida. Vida como aquela que só o Espírito dá em tudo o que toca. Lançamento de actividades com vista à intensificação da oração (terço, primeiros sábados, adoração eucarística, etc.), peregrinações cada vez mais vividas, apoio aos peregrinos a pé, apoio à organização de Retiros para Doentes em Fátima, trabalho organizado com jovens, sua formação e acolhimento na “Casa do Jovem”, são apenas alguns exemplos de actividades que têm vindo a ganhar peso de ano para ano. Tão grande, que o pedido de alteração do seu nome, de “Movimento dos Cruzados de Fátima” para “Movimento da Mensagem de Fátima”, surge espontaneamente no Conselho Nacional de 1994 como “um grito para uma nova era”, aceite de imediato pela Conferência Episcopal na sua Assembleia Plenária, que seria também convidada a pronunciar-se em relação a uma nova proposta de Estatutos apresentada.



6. O novo texto de Estatutos, aprovado em 23 de Setembro de 1997, não entra em contradição com o espírito, objectivos e finalidade que estiveram na génese desta Associação de Fiéis à qual pertencemos. Pelo contrário, procura seguir as suas aspirações mais genuínas: “corresponder o melhor possível aos pedidos que Nossa Senhora fez a toda a humanidade em Fátima e aos novos desafios da evangelização, iluminado pelos ensinamentos da Igreja na qual se insere plenamente, tomando como experiência válida tudo o que de melhor fizeram os que nos antecederam”.



7. Nossa Senhora em Fátima comunicou-nos uma Mensagem simples que “contém uma verdade e um chamamento que, no seu conteúdo fundamental, são a verdade e o chamamento do próprio Evangelho” (João Paulo II, Fátima, 13 de Maio de 1982). Esta é a proposta do Movimento da Mensagem de Fátima que, afinal, não exige a ninguém nada mais do que “ser cristão no seu mundo e em Igreja”.



8. Rezemos e peçamos a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, as maiores bênçãos dos céus para todos os membros desta obra que é dela, em especial pelos escolhidos para orientar o Movimento na entrada do novo milénio.



Eng.Henrique Franco

EXCELÊNCIAS DA LADAINHA LAURETANA


Muitos católicos costumam rezar, após o Rosário, a Ladainha de Nossa Senhora, mas poucos conhecem bem o grande valor teológico e simbólico de suas invocações.

Sábado à tarde, entrei numa igreja de uma pequena cidade do interior.
Na penumbra, algumas pessoas que tinham terminado de rezar o Rosário começaram a recitar diversas invocações em honra de Nossa Senhora, seguidas todas elas do pedido "rogai por nós".

Várias das invocações são óbvias, nem precisariam de explicações.
Por exemplo: "Santa Mãe de Deus, rogai por nós" ou "Mãe do Criador, rogai por nós".
Se Nossa Senhora é Mãe de Jesus Cristo, e Ele é o nosso Deus e Criador, é normal invocá-La desse modo.

Mas, confesso, eu passaria por um aperto se me perguntassem: por que Nossa Senhora é invocada como Torre de David ou Espelho de Justiça? Por que Torre de David e não Torre de Abraão ou de Moisés? Qual a origem dessas invocações?
Não seria espiritualmente mais proveitoso repetir uma invocação sabendo seu significado?

Se amanhã, numa reunião com algum alto dignitário, eu tivesse que dizer algo, preparar-me-ia para não repetir mecanicamente coisas ouvidas sem conhecer bem seu sentido.
Quando rezamos, em última análise dirigimo-nos a Deus, superior a qualquer dignitário (do Lat. Dignitariu s. m., aquele que exerce uma dignidade ou cargo elevado; aquele que tem alta graduação honorífica) deste mundo; portanto, devemos procurar entender razoavelmente o sentido das preces que fazemos.

É claro que Deus é misericordioso e aceita benignamente as orações feitas com devoção e desejo de agradá-Lo, mesmo se não compreendemos inteiramente o significado delas. Estamos certos de que, se a Santa Igreja colocou em nossos lábios pecadores aquelas orações, é porque elas são agradáveis a Deus.

Mas o próprio desejo de agradar a Deus deve levar-nos a procurar entender com profundidade o significado daquilo que Lhe dizemos, e com isso, também tornar mais eficaz o pedido que fazemos.

Assim sendo, vejamos a procedência de algumas invocações da Ladainha Lauretana, o que certamente resultará em aperfeiçoarmos nossa vida espiritual. Para isso ajudou-me muito o livro Na escola de Maria, de autoria de André Damino (*).

Origem das ladainhas

A palavra ladainha vem do grego e significa súplica (do Lat. supplicare, dobrar por baixo, os joelhos s. f., acto ou efeito de suplicar; oração ou pedido instante e humilde; prov., doce de ovos e farinha, coberto de açúcar.).
Mas desde o início da Igreja ela foi utilizada para indicar não quaisquer súplicas, mas as que eram rezadas em conjunto pelos fiéis que iam em procissão às diversas igrejas.
Há, naturalmente, numerosas ladainhas, dependendo do que é pedido nas diversas procissões.

Quando a casa na qual morou Nossa Senhora, na Palestina, foi transportada milagrosamente para a cidade de Loreto (Itália), em 1291, a feliz novidade espalhou-se rapidamente, dando início a numerosas peregrinações.
Com o correr do tempo, uma série de súplicas a Nossa Senhora foi sendo composta pelos peregrinos que ali iam, os quais A invocavam por seus principais títulos de glória. Posteriormente essa ladainha era cantada diariamente no Santuário, e os peregrinos que de lá voltavam a popularizaram em todo o orbe (do Lat. orbe, mundo
s. m., esfera; globo; mundo; universo; qualquer corpo celeste. Católico).
Chama-se lauretana por ter sua origem em Loreto.

Algumas invocações têm sido acrescentadas pelos Papas ao longo dos tempos, outras são agregadas para honrar a protecção de Nossa Senhora a alguma Ordem religiosa, como fazem os carmelitas, os quais rezam a ladainha lauretana carmelita, com quatro invocações a mais.
Mas o corpo central das ladainhas permanece o mesmo.

Composição da Ladainha

No início da Ladainha Lauretana, as invocações não se dirigem a Nossa Senhora, mas a Nosso Senhor e à Santíssima Trindade, pois dizemos Senhor, tende piedade de nós, Jesus Cristo, ouvi-nos, etc. Depois invocamos o Padre Eterno, o Filho e o Espírito Santo.
Por quê?

Tudo em Nossa Senhora nos conduz a seu divino Filho, e por meio dEle à Santíssima Trindade, que é nosso fim último. Isto é algo que os protestantes não entendem ou não querem entender:
Maria Santíssima é o melhor caminho para se chegar a Deus.

Após essa introdução da ladainha, seguem-se três invocações, nas quais pronunciamos o nome da Virgem (Santa Maria) e lembramos dois de seus principais privilégios: - o ser Mãe de Deus e Virgem das virgens.
A seguir, há um grupo de 13 invocações para honrarmos a Maternidade de Nossa Senhora, e outras seis para honrar sua Virgindade.
Em seguida, 13 figuras simbólicas; quatro invocações de sua misericórdia e, finalmente, 12 invocações d’Ela enquanto Rainha gloriosa e poderosa.

Em geral, é no grupo das 13 invocações com figuras simbólicas que surgem as maiores dificuldades de compreensão.
A nossa civilização fechou-se para o simbolismo, e aquilo que poderia ser até evidente em outras épocas, hoje ficou obscurecido pelo exclusivismo concedido ao espírito prático.
A própria vida contemporânea contribui para isto.
Assim, por exemplo, como explicar ou ressaltar, a pessoas que ficam fechadas em cidades feias e perigosas, a beleza de uma estrela? Igualmente, o ritmo de vida corrida e excitante de hoje não favorece a meditação ou a contemplação das maravilhas da criação.

Alguns significados

Vejamos então o significado destas 13 invocações simbólicas.

Espelho de Justiça — Justiça, aqui, entende-se em seu sentido mais amplo de santidade. Nossa Senhora é chamada assim, porque Ela é um espelho da perfeição cristã. Toda perfeição pode ser admirada n’Ela, do mesmo modo como podemos admirar uma luz reflectida na água.

Sede da Sabedoria — Nosso Senhor Jesus Cristo é a Sabedoria, pois, enquanto Deus, tudo sabe e tudo conhece. Ora, Nossa Senhora durante nove meses encerrou dentro de si seu divino Filho; Ela foi, portanto, a sede da Sabedoria. E continua a sê-lo, pois é n’Ela que encontramos infalivelmente a Nosso Senhor.

Causa de Nossa Alegria — a verdadeira alegria não é o riso. Rir muito nem sempre significa felicidade. É muito mais feliz a mãe carregando amorosamente seu filho do que um papalvo que ri à-toa. E a maior alegria que um homem pode ter é a de salvar-se e estar com Deus por toda a eternidade. Ora, antes da vinda de Nosso Senhor, o Céu estava fechado para nós. Foi o sacrifício do Calvário que nos reconciliou com o Criador e nos proporcionou a verdadeira e eterna felicidade. Como foi por meio de Nossa Senhora que o Redentor da humanidade veio à Terra, Maria Santíssima é, pois, a causa de nossa maior alegria.

Vaso Espiritual — Nada tem mais valor do que a verdadeira Fé. Na Paixão e Morte de Nosso Senhor, quando até os Apóstolos duvidaram e fugiram, foi Nossa Senhora quem recolheu e guardou, como num vaso sagrado, o tesouro da Fé inabalável.

Vaso Honorífico — Na nossa época, a honra quase não é considerada.
Pelo contrário, muitas vezes a falta de carácter e a falta de vergonha são louvadas. Mas a honra e a glória, na realidade, valem muito.
E Nossa Senhora guardou cuidadosamente na sua alma todas as graças recebidas, e manteve a honra do género humano decaído (adj., que decaiu; abatido; decadente; arruinado; empobrecido).
Se não tivesse existido Nossa Senhora, ficaria faltando na criação quem representasse a perfeição da criatura, fiel até o extremo heroísmo.

Vaso Insigne de Devoção — Devoto quer dizer dedicado a Deus.
A criatura que mais se dedicou e viveu em função de Deus foi Nossa Senhora, tendo-o realizado de forma tal, que melhor é impossível.

Rosa Mística — A rosa é a rainha das flores.
É aquela que possui de forma mais definida e esplêndida tudo quanto carateriza uma flor.
Igualmente Nossa Senhora, no campo da vida espiritual ou mística (s. f., estudo das coisas divinas ou espirituais; vida contemplativa; por ext. fanatismo doutrinário), possui de forma mais primorosa tudo aquilo que representa a perfeição.

Torre de David — Lemos na Sagrada Escritura que o rei David tomou a fortaleza de Jerusalém dos jebuseus e edificou a cidade em torno dela. "E David habitou a fortaleza, e por isso se chamou cidade de David" (Paralipômenos, 11-7). Naturalmente, o rei David fortificou a cidade, para torná-la inexpugnável (do Lat. Inexpugnabile adj. 2 gén., não expugnável; inconquistável; invencível) e dotou-a de forte guarnição.
A Igreja Católica é a nova Jerusalém, e nela temos uma torre ou fortaleza que nenhum inimigo pode invadir ou destruir, que é Nossa Senhora.
Ela constitui o ponto de maior resistência e melhor defesa. Por isso, nesta invocação honramos a Nossa Senhora reconhecendo que nunca houve, nem haverá, quem melhor proteja os fiéis e defenda a honra de Deus do que Ela.

Torre de Marfim — O marfim é um material que tem características raras na natureza.
Ele é ao mesmo tempo muito forte e muito claro.
Igualmente Nossa Senhora é muito forte espiritualmente, a maior inimiga dos inimigos de Deus, e de uma pureza alvíssima.
Assim Ela contraria a ideia falsa de que as coisas de Deus devam ser sempre muito doces, suaves e fracas, ou que a verdadeira força têm-na os impuros.

Casa de Ouro — O ouro é o mais nobre dos metais.
Por isso, sempre que desejamos dar alguma coisa que seja insuperável, a oferecemos em ouro — uma medalha de ouro numa competição, por exemplo.
Se tivéssemos que receber o próprio Deus, procuraríamos fazê-lo numa casa que não fosse superável, neste sentido uma casa de ouro.
E a Virgem Santíssima é a casa de ouro que acolheu Nosso Senhor quando veio ao mundo.

Arca da Aliança — No Antigo Testamento, na Arca da Aliança ficavam guardadas as tábuas da lei dadas por Deus a Moisés e um punhado do maná recebido milagrosamente no deserto.
Por isso ela lembrava as promessas e a protecção de Deus.
Nossa Senhora é, no Novo Testamento, a Arca da Aliança que protege o povo eleito da Igreja Católica e lembra as infinitas misericórdias (do Lat. Misericórdia s. f., compaixão pela desgraça alheia; dó; perdão; instituição de piedade e de caridade; ant., punhal que os cavaleiros traziam do lado direito e com que matavam o adversário derrubado, se este não pedia misericórdia. bandeira da -: pessoa sempre disposta a encobrir ou a perdoar as faltas de outrem; o m. q. capa da misericórdia; capa da -:vd. bandeira da misericórdia) de Deus.

Porta do Céu — Nossa Senhora é invocada desse modo, pois foi por meio d’Ela que Jesus Cristo veio à Terra, e é por Ela que nos vêm todas as graças, as quais têm como finalidade nos levar ao Céu, nossa morada eterna.
Assim, Ela favorece a nossa entrada no Céu, como a porta favorece a entrada num local.

Estrela da Manhã — Pouco antes de nascer o sol, quando a escuridão é maior e vai começar a clarear, aparece no horizonte uma estrela de maior luminosidade. Depois, quando as outras estrelas desaparecem na claridade nascente, ela ainda permanece. Assim foi Nossa Senhora, pois o seu nascimento significava que logo nasceria o Sol de Justiça, Nosso Senhor Jesus Cristo.
E quando a Fé se perdia até entre o povo eleito, Ela continuava a acreditar e esperar. Ela é o modelo da perseverança na provação e o anúncio da Luz que virá.

Temos assim, resumidamente, algumas explicações das invocações da Ladainha Lauretana.
Esperemos que a compreensão delas nos ajude a rezar com maior fervor tão meritória oração.

* André Damino, Na escola de Maria, Ed. Paulinas, 4ª edição, São Paulo, 1962.